Em agosto de 2024, atuei como coordenador de produção da exposição Areia, individual da artista Clara Fernandes, realizada na Sala Mira do Centro Cultural Veras. Sob a curadoria e orientação de Josué Mattos, e com a colaboração próxima da artista e de seu companheiro Antônio, participei de um processo intenso, que coincidiu com um período de grandes desafios para o centro cultural, o que tornou minha responsabilidade ainda mais significativa dentro do projeto.

Neste contexto delicado, assumi diversas frentes: desde a pré-produção, montagem e inauguração, até a mediação cultural, atuando diretamente no diálogo com escolas, grupos e visitantes em geral. A convivência com Clara, artista de sensibilidade ímpar e amiga querida, me proporcionou não só crescimento profissional, mas também reflexões profundas sobre o tempo, a matéria e o silêncio temas centrais na exposição.

Coordenar a produção de Areia foi, para mim, uma experiência de enraizamento e escuta tanto da artista quanto dos sentidos despertados pela exposição nos visitantes. Como mediador, procurei criar pontes entre o público e as obras, provocando leituras que relacionavam matéria, tempo e território às vivências pessoais de cada um. Foram momentos que deixaram rastros, como grãos de areia levados pelo vento, mas que sedimentam experiências e saberes que carrego comigo.