Miguel Penha: A Sapopema da Sumaúma / O Desaguar do Igarapé
- Março de 2024 até julho de 2025
- Centro Cultural Veras – Florianópolis
- Função: Assistente de Produção
Atuar na exposição A sapopema da Samaúma / O desaguar do Igarapé, de Miguel Penha Chiquitano, foi uma das experiências mais marcantes que vivi no Centro Cultural Veras. Desde a pré-produção até os últimos momentos da mostra, participei ativamente de todo o processo: organização, montagem, visitas guiadas e, com direção de Josué Mattos, da elaboração do portfólio do artista. Cada etapa foi permeada por aprendizados que ultrapassaram o campo técnico, especialmente pela relação que construí com Miguel, uma amizade sincera e afetuosa.
Miguel me ensinou a ver a natureza com mais escuta, com mais delicadeza, com mais respeito. Sua sensibilidade me tocou profundamente e, através de sua obra, passei a reconhecer beleza nos gestos mais simples, como a luz atravessando as folhas. Essa perspectiva ressoava diretamente no que Josué Mattos descreve como a “fluidez e o enraizamento de vidas da floresta” que compõem o imaginário de Miguel.
Lembro com nitidez do desafio que foi montar uma das obras centrais da exposição uma peça com mais de cinco metros de altura. A logística foi complexa, exigiu muito cuidado, mas o impacto que essa obra causou ao ser instalada no Veras compensou cada esforço. Ela parecia tomar o espaço como uma entidade viva, quase como a própria Samaúma estivesse na sala. Como bem diz Josué, o trabalho de Miguel é um “convite ao reflorestamento mental” e posso dizer que fui transformado por ele.
Participar dessa exposição me trouxe uma nova dimensão do que pode ser o fazer curatorial e de como o envolvimento com o artista e sua obra pode gerar conexões profundas e duradouras. Foi nesse entrelaçamento de saberes e afetos que compreendi melhor a importância de processos colaborativos na arte, e de como o Veras foi e é um espaço fértil para o cultivo dessas experiências.